Para Que Servem os "Ministérios" na Igreja?



Hoje em dia é muito comum vermos as Igrejas trabalharem com diversos "ministérios" que fazem parte de uma engrenagem, possibilitando a realização de diversas atividades, eventos, e até mesmo se responsabilizando pelo acontecimento dos cultos. São eles: ministério de louvor, ministério de dança, ministério de teatro, ministério de assistência social, ministério de recepção, ministério de evangelismo, ministério de oração, etc. Cada Igreja com a sua peculiaridade, exercendo seu papel através de quantos ministérios acharem necessários. 

Algumas lideranças enxergam os ministérios como forma de atrair e de até mesmo segurar as pessoas dentro da Igreja. Usando o exemplo da música, hoje existem Igrejas de grande porte, com músicos profissionais, as melhores bandas, melhores investimentos em áudio, todo um aparato montado para de certa forma "dar o melhor". Isso é algo que sem dúvidas, para um músico é de se encher os olhos. Muitos líderes movidos talvez por uma certa "ambição" por ter os melhores ministérios e cheios das melhores habilidades, atraem esses profissionais para exercerem estes cargos dentro de suas Igrejas. Gerando assim, a motivação e a razão errada para essas pessoas estarem ali. 

Por outro lado também, existe um olhar diferente direcionado a todo integrante de ministérios por parte dos membros da Igreja, como se essas pessoas tivessem que obrigatoriamente ter um comportamento diferenciado dos demais membros, como se o julgamento de Deus para a salvação dessas almas fosse em um nível elevado e diferente dos outros "mortais".

Os dois lados dessa moedas são extremamente prejudiciais para a saúde da Igreja. Um cargo dentro de um ministério não pode ser o fator determinante para que uma pessoa prossiga em uma Igreja. Primeiro porque não foi para isso que fomos chamados por Cristo, e segundo que isso gera um aumento exagerado na importância que de fato esses ministérios têm. E a partir disso, não temos servos dispostos a servir, e sim artistas que sentem estar fazendo um favor a um grupo de pessoas, e em alguns casos sendo até remunerados por isso. Não estou aqui para dizer que é errado uma Igreja investir e assalariar seus músicos, por exemplo. Se essa Igreja possui condições para isso, se ela cumpre com seu papel de Igreja perante a sociedade da mesma forma, não vejo dificuldades nisso. Porém, não podemos dizer então que estes músicos estão servindo à Igreja, porque estão sendo pagos para isso, e neste caso, apenas cumprindo com as suas obrigações

Da perspectiva da Igreja, é muito cômodo jogar em cima dessas pessoas um fardo maior do que o que eles já carregam por si só pelo fato de tudo que precisam abdicar para estarem disponíveis para exercerem os ministérios na Igreja. Tirar o foco de nós mesmos e apontar para o que o outro deve ou não fazer é muito mais fácil do que assumir um verdadeiro papel de cristão que entende que precisa abdicar da sua carne e viver para Cristo. Isso não depende de cargos ou ministérios, depende de um verdadeiro encontro com o Salvador, com aquele que entra em nossas vidas e nos transforma em qualquer posição que nos encontramos. Lembremos que o fim virá para todos, e da mesma forma TODOS seremos julgados por Jesus segundo àquilo que fomos aqui. 

A palavra "ministério" vem do grego "diakonia", que por sua vez significa "servir". Quando nós servimos, estamos necessariamente servindo a alguém. E fazemos isso a todo instante através das nossas atitudes, não apenas dentro da liturgia do culto, mas em todo lugar onde estivermos. O próprio Jesus em Mateus 20:28 disse que não veio para ser servido, mas para servir. Ele servia às pessoas que estavam a sua volta. 

Colossenses 3:16“Habite ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutualmente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.” - Este é o culto que devemos nos reunir para prestar ao Senhor, é o que importa, o que deve permanecer no meio da Igreja de Cristo na terra. Devemos nos dirigir para o templo com uma mentalidade de gratidão a Deus, com objetivo de entregar a Ele o melhor de nós, de quem nós somos, adorá-Lo de maneira consciente e consistente, nos entregarmos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, prestarmos o culto racional (Romanos 12:1)

O papel da Igreja está na rua, no trabalho, na escola, faculdade, está nas favelas, nas cadeias, nas casas de recuperação, está na sociedade faminta física, emocional e espiritualmente, está dentro das famílias. Ser Igreja dentro do templo aos domingos é a parte mais fácil (ou pelo menos deveria ser) do Evangelho, é a parte onde nos reunimos para ENTREGAR a Deus e sermos orientados por Ele para prosseguir na jornada. Ministérios não podem tomar o maior tempo e o lugar principal dos nossos cultos e de nossas vidas. A nossa vida precisa estar concentrada naquilo que o verdadeiro Evangelho de Cristo requer de nós!

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