A Difícil Missão do Perdão



PERDOAR: essa talvez seja a tarefa mais difícil na nossa caminhada como cristãos. Não só como cristãos, para todo e qualquer tipo de ser humano a tarefa de perdoar não é a mais fácil e mais tranquila de se exercitar em nosso dia a dia. Sabemos que o mundo está cheio de pessoas maldosas, pessoas que não querem o bem uma das outras, pessoas que desejam o mal uma das outras, que torcem para o fracasso, e mais, que agem de maneira a provocar a queda e o fracasso alheio. Sim, isso existe!

Como devemos encarar essa situação? Como devemos nos portar diante de um contexto onde nítida e claramente pessoas querem nos ver derrotados e caídos sem a chance de nos levantar? Como suportar as humilhações causadas por essas situações? 

Vejamos o texto de Mateus 18:21-35

21. Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? "
22. Jesus respondeu: "Eu lhe digo: não até sete, mas até setenta vezes sete.
23. "Por isso, o Reino dos céus é como um rei que desejava acertar contas com seus servos.
24. Quando começou o acerto, foi trazido à sua presença um que lhe devia uma enorme quantidade de prata.
25. Como não tinha condições de pagar, o senhor ordenou que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que ele possuía fossem vendidos para pagar a dívida.
26. "O servo prostrou-se diante dele e lhe implorou: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’.
27. O senhor daquele servo teve compaixão dele, cancelou a dívida e o deixou ir.
28. "Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe devia cem denários. Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague-me o que me deve! ’
29. "Então o seu conservo caiu de joelhos e implorou-lhe: ‘Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei’.
30. "Mas ele não quis. Antes, saiu e mandou lançá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
31. Quando os outros servos, companheiros dele, viram o que havia acontecido, ficaram muito tristes e foram contar ao seu senhor tudo o que havia acontecido.
32. "Então o senhor chamou o servo e disse: ‘Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou.
23. Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você? ’
34. Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia.
35. "Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão".


Talvez essa seja uma das passagens mais conhecidas do Novo Testamento. Todos já ouviram ao menos uma vez falar do trecho em que Jesus diz a Pedro que ele deveria perdoar 70x7. E com certeza todos também já fizeram as contas e chegaram a conclusão de que perdoar 490 vezes é muita coisa. É, eu também já fiz essa conta e também cheguei a conclusão de que 490 vezes é muito. Porém, para o meu próprio desespero, ao ler esse texto eu pude entender que o que Jesus estava dizendo aqui era algo muito mais profundo do que a quantidade de vezes que perdoamos. O desafio aqui não é a quantidade, mas sim a verdade do perdão que habita em nós. 

Nesta parábola apresentada por Jesus, ele nos traz um ensinamento incrível. Leia esse texto como se o rei em questão fosse o próprio Deus, e que Ele quer acertar as contas com o seu servo que tinha uma grande dívida com Ele. Digamos que o servo aqui descrito sejamos nós. Nós possuíamos uma enorme dívida com Deus, a dívida de TODOS os nossos pecados e transgressões, e que não tínhamos condições nenhuma de pagá-Lo. Então, Deus mediante a Sua inigualável misericórdia e bondade perdoa TODA a nossa dívida e nos permite viver em liberdade. 

Saindo da presença do Rei, nós nos encontramos com um conservo, que aqui iremos chamar de "nosso próximo". E este "nosso próximo" possui uma dívida de muito baixo valor para conosco, algo que se comparado a nossa dívida que foi perdoada por Deus, se torna algo insignificante. E então, nós, cheios de nossas próprias justiças, "condenamos" o nosso próximo a viver o restante dos seus dias preso em nosso ódio e rancor. Nessa parábola, Jesus está nos mostrando que não há nada tão grande que não se possa ser perdoado tendo como exemplo a seguir o sacrifício feito na cruz para perdão dos nossos pecados. 

Efésios 4:32 - "Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo." - Deus nos perdoou através do sacrifício feito por Jesus na cruz, e fez isso mesmo sabendo que nós continuaríamos pecando contra Ele, cometendo os mesmos erros, as mesmas falhas. E o melhor, Ele continua a nos perdoar sabendo que pecaremos novamente. Esse é o perdão de Deus que devemos nos basear, pensar que Deus fez por nós algo muito maior sem que nós merecêssemos. Porque ao nos basearmos em nossos próprios conceitos para tentar exercitar e praticar o perdão, com certeza falharemos.

Não estou aqui para usar de hipocrisia, dizer que a tarefa de perdoar é algo que se faz em um piscar de olhos, porque não é! A ferida aberta precisa ser tratada, cuidada, precisa de remédio para que ela possa cicatrizar. A cicatriz não dói. Nós olhamos para ela e nos lembramos da ocasião em que nos machucamos, porém, ela nunca mais irá doer simplesmente por ser cicatriz. E o perdão carrega a mesma ideia. Uma mágoa só pode ser cicatrizada à base de muita oração, leitura e entendimento das Escrituras acerca desse assunto, até o momento em que a ferida cicatriza. Ao olharmos para ela nós nos lembramos, porém, já não nos causa mais dor. Ela serve exclusivamente para nos ensinar a fazer diferente em uma próxima ocasião. Não devemos nunca nos enchermos de nossas próprias justiças, ou então usar aquele velho texto fora de contexto dizendo que "Deus vai fazer justiça".

Lembre-se: a justiça de Deus não segue os mesmos parâmetros que os nossos. Pois a última vez que Ele decidiu usar de justiça, sacrificou a vida de um inocente para pagar os erros de toda a humanidade.

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