O Cristão e a Ética

Em uma breve pesquisa pela internet entendemos que a palavra "ética" vem do Grego "ethos", que significa “caráter moral”. E a palavra "cristã" vem do Latim "christianus", que quer dizer “seguidor da doutrina de Cristo”. A partir disso entendemos que, nós como cristãos, que seguem a doutrina de Cristo (ou pelo menos deveríamos), estamos sujeitos a nos manter dentro de um caráter moral que seja condizente à fé que professamos.

Mas qual é o real conceito de ética cristã que nós devemos adotar?

Gostaria de trazer a seguinte ilustração para entendermos melhor:

1º - Se o Poder Legislativo de nosso País elegesse os cristãos para orientar a criação do Direito Penal, o que os cristãos poderiam dizer em relação à gravidade das penas entre um crime e outro? Afinal, pregamos que para Deus não existe "pecadinho e pecadão", que para Deus tem o mesmo peso nas atitudes dos nossos pecados. As penas deveriam ser todas iguais, independente do tipo de crime cometido (a mesma pena aplicada para estupradores e assassinos violentos deveriam ser aplicadas para quem vendesse DVD`s piratas)?

Uma outra situação para analisarmos:

2º - Para resolver casos complexos de sequestro, existe um grupo da polícia chamada "Divisão Antissequestro" composta por policiais altamente treinados para agir em situações de extremo risco. Imagine a seguinte cena: a polícia cerca o esconderijo de alguns sequestradores e inicia-se a negociação. Dentro da casa, visualiza-se um deles, com uma arma apontada para a cabeça de uma criança. A negociação se estende, sem perspectivas de resolução adequada. A Divisão Antissequestro se posiciona estrategicamente, e anuncia aos seus superiores que possuem na mira, para tiros certeiros e de morte, cada um dos sequestradores. Estão prontos. Só esperam a ordem para atirar e matar. 

Você como cristão, se imagine no lugar de um desses policiais, como você agiria caso os seus superiores lhes dessem a permissão de atirar? Como ficaria a sua "ética cristã" nessa situação?

Não são situações para serem resolvidas e respondidas sem que ao menos paremos para pensar com muita calma, raciocínio e auxílio do Espírito Santo. Precisamos fazer uma análise extremamente criteriosa dessas situações para poder nos posicionarmos de maneira coerente e de acordo com as Escrituras Sagradas.

Na primeira situação, se o Direito Penal fosse orientado através de nós cristãos, deveríamos sim levar em consideração a gravidade das penas de acordo com o crime cometido. Quanto mais o erro ou crime cometido coloque em risco a integridade do ser humano, trazendo riscos de vida, maior deveria ser a punição. Como no exemplo citado no enunciado, um vendedor de DVD’s piratas não pode receber o mesmo peso de punição do que aquele que tira a vida de alguém, pois o primeiro estava tentando manter-se vivo, buscando o seu sustento diário, já o segundo encerrou as possibilidades de viver de outro, sendo por isso pesos diferentes. 
1º João 5:16-17 - “Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não leva à morte, ore, e Deus dará vida. Refiro-me àqueles cujo pecado não leva à morte. Há pecado que leva à morte; não estou dizendo que se deva orar por este. Toda injustiça é pecado, mas há pecado que não leva à morte.”

Para responder ao questionamento da segunda situação, precisamos entender os conceitos das teorias teológicas, que nos ensinam que um ato só pode ser julgado como certo ou errado, bom ou mau, de acordo com a sua finalidade e o resultado gerado através desse ato. Podemos também analisar as escrituras e entender que a nossa posição ao receber a ordem de um superior para executar a ação de atirar nos sequestradores para salvar a vida de uma criança, seria sim a mais correta das ações que poderíamos tomar. Vejamos:
Isaías 1:17 – “aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva.”
Isaías 1:20 – “mas, se resistirem e se rebelarem, serão devorados pela espada". Pois o Senhor é quem fala!”
Romanos 13:3-5 – “3.Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. 4.Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal. 5.Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência.”

Não há como separar o Deus de amor do Deus da justiça, Ele é o mesmo. Um Deus que ama ao julgar e que julga por amar. E se é o Espírito de Deus que habita em nós, as nossas atitudes precisam revelar a existência desse Espírito de amor e justiça característicos Dele!

Do mais, a maior arma que temos em nossas mãos é a Palavra de Deus, pois nela existe uma inerrância a qual em nós, pelos nossos próprios entendimentos, não somos capazes de ter. Estude a Bíblia, absorva o máximo que você puder dela, e assim as chances de errar serão cada vez menores.